Grupo da Quinta

quarta-feira



HISTÓRIA DO BRASIL
8ª MOSTRA INTERNACIONAL DE TEATRO

O Grupo da Quinta trouxe ao MIT um espectáculo de teatro e música, revelando através de muitas canções eternizadas por Chico Buarque, Edu Lobo e outros, alguns episódios marcantes da vida do Brasil. A personagem de Zumbi, do importante quilombo de Palmares, a tragédia dos camponeses sem terra do Brasil, imortalizada na "Morte e Vida Severina" de João Cabral de Melo Neto, as histórias da Ópera do Malandro passaram pelo palco de café-concerto do MIT a encerrar o primeiro dia de espectáculos. Os jovens músicos, trajados a preceito, eram em si mesmos um espectáculo, parecendo saídos de um qualquer salão de dança latino-americano do século XIX.

FICHA TÉCNICA

Textos: Chico Buarque de Holanda, Rui Guerra, Gianfrancesco Guarnieri, Edu Lobo, João Cabral de Melo Neto e Paulo Pontes.
Dramaturgia e Encenação: João Denys e Rose Mary Martins
Direcção musical: Marco César
Performance: Grupo da Quinta
Produção: Grupo da Quinta

Jornal de Ermesinde.

Temporada em Portugal

Série artigos: "ATORES QUE CANTAM"

* Rose Mary Martins


Tudo começa a partir de minha inquietação metodológica no ensino da voz dirigido ao trabalho do ator. Procuro, então, despertar nos alunos o interesse e a motivação, em sala de aula, buscando conscientizá-los sobre suas potencialidades musicais e a importância desta musicalidade no trabalho com o texto dramático.

O primeiro procedimento que adoto conduz ao estudo introdutório de canto para os não musicalizados e, de imediato, um sintoma é observado em alguns alunos: medo ou timidez em lidar com as próprias capacidades vocais, até então desconhecidas. No decorrer do processo, tal qual efeito terapêutico, surge a natural descontração.

E, também, o primeiro desafio: determinar limites à descontração e ao relaxamento, condição indispensável para um trabalho musical ou de qualquer outra natureza artística, concretizando um dos meus objetivos: o de provocar entusiasmo, disposição e prazer no estudo de voz para o teatro. Outro fato significativo ocorre quando parte do grupo solicita que as aulas se estendam além da carga horária oficial do curso. Aceito o desafio.

A idéia é aprofundar cada vez mais a prática do canto. Na oportunidade, integra-se ao grupo um regente profissional, numa parceria enriquecedora aos propósitos do trabalho acadêmico. O projeto desenvolve-se durante dois semestres, entre aulas, escolha das músicas, ensaios semanais, e trabalho em estúdio, resultando na gravação de um CD Demo com músicas do cancioneiro popular brasileiro.

Um novo trabalho surge, desta vez, extrapolando os limites da sala de aula. Trata-se da formação de um grupo musical independente, que reúne músicos, atores e cantores. Alguns trazem na bagagem vasta experiência em canto coral e outros, experiências em teatro. A principal busca se define por um trabalho que permita experimentar outras formas vocal, instrumental e performática, visando o espetáculo.

Esta experiência mantém elo com a proposta anterior, desenvolvida na UFPE, a partir do momento em que alunos, ao se destacarem pelo desempenho na experiência acadêmica, migram para este grupo, agora, com perspectivas no mercado musical. A estréia está prevista para junho de 2004, por ocasião do lançamento do livro A Voz e a Palavra na Cena do Recife Hoje, resultado da minha tese de mestrado no programa de pós-graduação da UFBA. O espetáculo incluirá, na estréia, poemas de Joaquim Cardozo, experimentos vocais e um repertório de música popular brasileira.

Ampliando o trabalho do grupo, outro projeto começa a ser desenhado, desta vez, um espetáculo de teatro acústico, composição musical de Oscar Edelstein (Universidad Nacional de Quilmes, Argentina) e direção cênica de João Denys (Universidade Federal de Pernambuco).

Rose Mary Martins, mestre em Teatro, professora de Técnica Vocal , coordenadora do Curso de Artes Cênicas da Universidade Federal de Pernambuco.